domingo, 31 de janeiro de 2016

A Comparação Social e como usá-la a nosso favor

É muito difícil avaliarmo-nos a nós e à nossa vida de forma objetiva. Por isso, recorremos às comparações com os outros, para determinarmos se estamos bem ou menos bem. Investigadores de Psicologia Social consideram que este mecanismo de comparação social é inato no ser humano.

Por exemplo, será que ganho dinheiro suficiente para viver bem? A resposta correta é sim, se consigo viver com dignidade e saúde. Mas a resposta que damos habitualmente depende das comparações que fazemos. Assim, apesar de nós ocidentais vivermos uma época de bem-estar nunca antes vivida ou imaginada na história da humanidade, a maior parte de nós sente-se insatisfeita com o que ganha.

Então, não sendo possível pararmos de fazer esta comparação social, será que podemos usá-la a nosso favor? Talvez sim.

Para nos sentirmos bem, procuremos comparar-nos com quem está pior que nós. Por outro lado, para nos animarmos a fazer mais esforço, é melhor compararmo-nos com os que estão melhor.

Por outras palavras, se ganhámos a medalha de prata e queremos sentir-nos bem, olhemos para a medalha de bronze. Se queremos energia para melhorar, olhemos para a medalha de ouro; mas, neste último caso, não o façamos para avaliar o nosso valor.

Mas é preciso ter sempre cuidado, nós distraímo-nos muito facilmente. Um estudo sobre medalhados indicou que quem ganha a medalha de bronze fica mais contente consigo próprio do que o que ganhou a de prata, apesar de este lhe ter ficado à frente. O segredo? Os de bronze comparam-se com quem veio em quarto, quinto, etc.; os de prata, adivinhe-se com quem se comparam…

sábado, 30 de janeiro de 2016

Um modelo espartano contra a ansiedade

Conta a lenda que, na Antiguidade Clássica, Filipe II da Macedónia terá enviado uma mensagem a Esparta em que dizia:
"Se eu invadir a Lacónia, arrasarei Esparta."
A resposta dos espartanos foi curta e concisa:
"Se."
E Filipe nunca chegou a tentar conquistar Esparta (nem, aliás, depois dele, Alexandre).

Proponho que tiremos daqui uma lição.
Quando começarmos a antecipar na nossa mente cenários difíceis ou mesmo catastróficos sobre o futuro (próximo ou distante, envolvendo ou não pessoas), fazendo crescer a nossa ansiedade para níveis pouco úteis, talvez possamos dar à nossa mente a resposta lacónica dos espartanos: "Se".
E parar, assim, a espiral de ansiedade, antes de sermos completamente arrastados por ela.

(Leónidas I)

sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Visualize o que deseja e confie no processo

No primeiro curso que tirei, Engenharia Civil, havia uma disciplina, Desenho Técnico, em que também tínhamos que desenhar à mão (para poder comunicar em obra pequenos pormenores aos trabalhadores).

A grande dificuldade centrava-se em traçar linhas razoavelmente retas. O professor ensinou-nos o segredo:

"Coloquem a ponta do lápis no ponto em que iniciam o vosso segmento de reta. Em seguida, fixem o vosso olhar no ponto de chegada e não tirem daí os olhos! Então, tracem a vossa linha. Vão descobrir que, dessa maneira, a mão naturalmente traçará uma linha aproximadamente reta."

Verdade.

Transportemos este truque para o domínio mental. Fixemos o "olhar" da nossa mente naquilo que desejamos realisticamente alcançar, fazendo visualizações. E confiemos que o nosso organismo conseguirá lá chegar de uma forma natural.

sábado, 9 de janeiro de 2016

O preço de "comprar" um pensamento

"Negar é ter tudo o que se não afirmou. Afirmar é ter só o que se escolheu com a afirmação."

Gosto muito desta passagem em do mundo original (1957), de Vergílio Ferreira.

Entre outras implicações, gosto de a adaptar a uma ideia terapêutica de crucial importância nas nossas vidas.

O nosso cérebro é uma máquina de produzir pensamentos. Eles vêm e vão. De vez em quando, de forma desconhecida mas aparentemente arbitrária, há um que agarramos e não deixamos ir. Porque ele ressoa ao nosso sentido de identidade. Trata-se de uma escolha.

Ao escolhê-lo, estou a restringir a minha visão (de mim, do futuro e do mundo) e o meu comportamento subsequente. Para os adequar àquele pensamento, que escolhi ser estruturante.

Não o seleccionando, não lhe atribuindo importância, enfim, não acreditando realmente nesse pensamento, estou a conferir-me a liberdade de ser e fazer o que mais valorizo para a minha vida.
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O erro e a crítica

Nas nossas sociedades (e nas nossas mentes), erro e castigo estão muito associados.

Achamos que cometemos um erro de forma voluntária e deliberada (na verdade, habitualmente achamos isso mais dos outros do que de nós próprios). Portanto, para pararmos de o fazer, acreditamos que precisamos de ser castigados.

Ora, a maior parte dos erros causam-nos vergonha, pelo que é absurdo pensar que resultam de uma vontade deliberada em os cometer. Mesmo naqueles que não suscitam vergonha, a maior parte são realizados sem pensarmos maduramente sobre isso, muitos são resultado de um impulso momentâneo.

Uma crítica ou autocrítica construtiva aqui têm a sua utilidade... desde que não sejam usadas para descarregar nos outros ou em nós a raiva, ódio ou desprezo que podemos ter acumulados.

A (auto)crítica deve ser compreensiva e encorajadora, envolta num clima emocional de apoio e de segurança. Deve ser breve e com uma evidente utilidade (a de aprendermos a não repetir o erro).

Se não fizermos isto, estamos abrir caminho a perturbações mentais mais ou menos graves. Um exemplo: com a repetição, podemos esgotar o nosso sistema de stress, ficar exaustos e cair em depressão.